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30 de setembro de 2010

Senil

Sinto-me velha em relação aos meus iguais.

Acredito que muito disso, deva-se a minha postura diante a realidade do mundo em que criei pra mim, hoje. Mundo este que vai desde a as minhas manias até meus conceitos e opiniões formadas, atitudes e vícios de comportamento.

Há quem diga que criar mundos pra si, só faz mal, e ter seu olhar voltado especificamente para eles, pode te tornar um ser estreito e sem o famoso semancol da vida. É o que suspeito que ande acontecendo comigo – faltaram doses do santo remédio!

Nunca tive lá muitas doses de semancol no decorrer da vida. A boa parte que ingeri, foi por recomendação médica expressa de quem entende melhor da vida do que eu, e quis me ajudar a crescer, ainda que doesse. Foram injeções doloridas, tomadas em doses únicas, mais freqüentes nos últimos tempos.

Não me adéquo ao cenário. Ando pensando demais no meu futuro, me preocupando com coisas diminutas do presente, e fugindo sem nem pensar duas vezes daqueles meus erros passados...

Enquanto as meninas à minha volta, se emperiquitam desmedidamente, cheias de blushs, rímel, base, sombras e batons, planejam participar das maiores e melhores festas da faculdade, na roupa de grife que vão comprar com o aumento de salário, eu me vejo pensando em investir dinheiro pra empreender no meu futuro imóvel, verifico preços de revestimentos em lojas de materiais de construção e decoração, e imagino meu lar, minha família, as roupas do meu marido, nossos jantares, as reuniões em família, os detalhes que farão a felicidade de nossas vidas, filhos.

E isso sem fugir da parte acadêmica, velha e chata de atracar-se com s livros. Preparo-me para um curso de especialização no exterior, ou um aperfeiçoamento maior noutras línguas, investimentos culturais, livros que ainda me faltam ler, músicas e restaurantes pra visitar...



As pequenices que vejo em minha geração de idade física, são como os luxos à que vão se permitindo estes meus conhecidos – luxos que pra mim, são quase lixos.

Temo estar envelhecendo sem ter aproveitado o necessário da juventude. Ora me sinto menina moleca de tudo, e noutro segundo seguinte, sou praticamente digna de um asilo de tão metódica, chata, implicante ou rabugenta.

Meu sorriso de menina disfarça a senilidade que sinto aqui dentro. É como se a maturidade me intrigasse e se mostrasse só aos poucos, o que de fato é o processo de amadurecer. É aí que está: talvez, dessa maluquice toda, saia o sentido de viver e aprender todo instante.

O que faltou ser...

Noite cai
Então o que chegou?
Noite vai
Então o que sobrou
Do olhar seguro e das promessas que eu ouvi
De amar, de ser um só, de nunca desistir?

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser

Noite cai,
Por que não traz pra mim?
Noite vai
Não leva o que eu vivi
Enquanto, mesmo longe, eu te sentia aqui
Enquanto a verdade soube conduzir

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser

Se tudo o que eu sou
Foi sempre seu
E agora?
Você levou tudo o que eu sabia de mim
E agora?

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Sandy Leah