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12 de setembro de 2007

Cheguei...

Mês que vem, faz um ano que nos mudamos, e é simplesmente inacreditável a quantidade de coisas que ainda não voltaram para o devido lugar.
Perderam-se coisas importantes!
Minha mãe, por exemplo, perdeu toda louça: o armário cedeu, e tudo caiu! Desde então, o restante é provisório. Minha irmã, perdeu o quarto que era só dela. Trocou por um menor, e que ainda não está devidamente ajustado às nossas necessidades.
Eu perdi o senso, achei minha irritabilidade com coisas bagunçadas novamente, e tive que voltar a conviver com um furacão, personificado nesta singela criatura que é minha irmã mais nova.
Desapeguei-me as coisas, pude perceber.

Só importa-me, de físico, o computador – pra que eu possa escrever, estudar, me desenrolar..., meu edredom de estimação, meus sapatos, e minhas caixas variadas!
Se era efêmero antes, isso de ligar pra aquilo ou aquele, agora é mais ainda.
Não me prendo mais dentre as paredes, nem sinto necessidade de revesti-las.
Lá estão, lá ficarão. E eu aqui.

A cadelinha tem espaço, existe um acesso flexibilizado para todo canto, a casa é antiga, daquelas que lembram contos antigos, que sua avó poderia ter contado.
Largas janelas, varandinha, piso de taco, espaço com terra nos fundos.
Era juntar nostalgias de um passado recente, às modernidades da vida corrida, onde o interessante mesmo, é ganhar tempo, ter tudo sempre à mão.
Observei que, talvez, eu não precise mais prender-me à lugar algum, e que só as lembranças já me bastam.

E é por isso que continuo a viver nesta casa, como se nada demais tivesse acontecido, como se não houvesse ausência a ser notada. As lembranças as quais me remete, são o suficiente pra que ela continue a não ser a minha casa, e sim apenas a casa onde eu moro.

Sempre será a casa da minha avó.
Onde eu vinha comer brigadeiro de panela aos domingos à tarde, onde havia sempre Coca-Cola, fizesse frio ou calor. Onde eu dormia dias a fio, sem ser incomodada por ninguém, e tinha dos mais variados paparicos. Onde eu encontrava um braço terno, mesmo nas reclamações constantes, ou no jeito ríspido de tratar.

Semana que vem, faz um ano que a ausência é presente, e que sentimos falta de maneira singela e particular. Seja do tempero, do jeitão rude, das risadas ou dos conselhos que só Dona Elisabete sabia oferecer.




















“Oi Vó! Cheguei...”

Um comentário:

Anônimo disse...

...esse texto...ah, esse texto! Me alegrou pela beleza estética de seu conteúdo e me fez chorar, ao mesmo tempo, pelo mesmo conteúdo!
Que maravilha! Que tristeza a lembrança da ausência (como se ela pudesse ser esquecida).